Desde o início da pandemia, os movimentos sociais do campo se organizaram em duas frentes. De um lado, fizeram frente à crise econômica e sanitária que atinge o campo, a qual dificulta o escoamento da produção agrícola e dissemina a Covid-19 em áreas desprovidas de ajuda médica. Do outro lado, os movimentos realizaram ações de solidariedade nas cidades. Nesta seção apresentamos iniciativas nas duas frentes: projetos orientados a ajudar os moradores das áreas rurais contra os impactos pandemia e projetos de solidariedade campo-cidade, nos quais organizações rurais organizaram a doação de alimentos da agricultura familiar para entidades urbanas. Este tipo de iniciativa ocorre no Brasil afora: abaixo apenas alguns exemplos.

O MST lançou uma campanha em defesa do Plano Emergencial de reforma agrária popular. Nele, estão as medidas necessárias de proteção e produção para garantir condições de vida dignas para a população do campo.

Além disso, o movimento evidencia como a pandemia está relacionada com o avanço da crise ambiental, a partir da exploração insustentável dos bens naturais. Por isso, defende ações em torno da preservação ambiental, reafirmando a importância da reforma agrária para garantir o abastecimento com alimentos saudáveis, a preço acessível.

A produção do campo tem sido fundamental para garantir a segurança alimentar e nutricional nas periferias urbanas. A Cooperativa dos Agricultores Quilombolas do Vale do Ribeira (Cooperquivale) garantiu alimentos para famílias vulneráveis em cinco municípios paulistas.

A parceria foi feita entre a cooperativa e lideranças comunitárias parceiras nos municípios, o que, por outro lado, ajuda a gerar renda para as comunidades quilombolas.

O MST, em parceria com cooperativas vinculadas à Unisol Brasil, em São Paulo, e à Unicatadores, no Distrito Federal, realizou a entrega de alimentos para várias famílias nas periferias urbanas nos dois estados.

Em São Paulo, foram 150 toneladas de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade em cinco municípios da região do Vale da Ribeira. No DF, foram 30 cestas básicas distribuídas para famílias de catadores de materiais recicláveis.

A ação Mãos Solidárias foi uma colaboração entre voluntários, associações e movimentos sociais no combate ao efeito da pandemia, especialmente a partir da distribuição de alimentos nas regiões mais vulnerabilizadas de cidades do Pernambuco. É uma iniciativa solidária entre campo e cidade que, junto à campanha Periferia Viva, já distribuíram mais de 50 toneladas de alimentos produzidos pela reforma agrária popular. O projeto também envolve a formação de Agentes Populares de Saúde, com apoio da Fiocruz. Veja cartilha aqui.

Acampamentos do MST, produtores da agricultura familiar e o sindicato de petroleiros iniciaram uma ação conjunta com o objetivo de doar alimentos e gás para famílias em Curitiba e Araucárias. Foram doadas 400 cargas de gás de cozinha e 15 toneladas de alimentos produzidos em diferentes acampamentos de todo estado do Paraná e por produtores familiares. No último dia 30 de julho de 2020, o Mídia Sem Terra (no Facebook) divulgou a distribuição desses itens e mais 1100 pães produzidos pela reforma agrária.

Não são poucas as comunidades urbanas no Brasil afora que receberam o apoio dos movimentos do campo no combate à fome durante a pandemia. Em Aracaju, por exemplo, mais de 40 entidades receberam alimentos são alimentos produzidos pela Reforma Agrária, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Movimento Camponês Popular (MCP).  Este tipo de iniciativa é uma maneira de escoar a produção agrícola impactada pela crise e ao mesmo tempo prestar solidariedade junto com os moradores de periferias urbanas. Confira a notícia aqui.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) comemorou seus 45 anos fazendo a doação de 45 toneladas de alimentos. Estes foram produzidos por comunidades camponesas de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. As doações foram destinadas a famílias em situação de vulnerabilidade, aos hospitais, aos presídios, casas de apoio aos imigrantes, a crianças e a pessoas em situação de rua e de fome.

A união entre petroleiros e agricultores resultou em uma ação de solidariedade a famílias em situação de vulnerabilidade da periferia de Curitiba e Araucária. Distribuíram 400 cargas de gás de cozinha, adquiridas por meio de uma campanha junto aos petroleiros da refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), e 15 toneladas de alimentos frescos, doados por camponeses e camponesas da reforma agrária de cinco municípios e por produtores familiares de São José dos Pinhais. Leia mais aqui

A CESE juntou-se ao Movimento Camponês Popular (MCP), através da Metodologia Dupla Participação, apoiando o projeto “Alimentos dos camponeses na mesa da população urbana em situação de vulnerabilidade”, para contribuir no acesso à alimentação saudável de famílias da cidade Goiânia impactadas pela disseminação da pandemia. Além suprir a fome da população urbana mais vulnerável da capital de Goiás, a iniciativa teve como objetivo garantir uma renda mínima para as famílias camponesas, no escoamento dos seus produtos. Encontre informações aqui.

Para além das ações de grandes corporações que têm sido divulgadas diariamente na televisão, os movimentos do campo têm dado um grande exemplo de solidariedade. De março até agosto, o MST e o MPA já doaram mais de 3,3 toneladas de alimentos, contribuindo para combater o maior medo das periferias brasileiras nesse período: a fome. Além das doações, os movimentos têm um papel central que reforça a solidariedade, a agroecologia, a importância dos movimentos sociais e o papel do povo nas ações realizadas. Leia mais aqui.

Ao longo de mais de 100 dias de mobilização com a campanha Mãos Solidárias, foram arrecadadas doações que beneficiaram milhares de famílias em várias cidades de Pernambuco. Por meio do Marmitas Solidárias, foram distribuídas 200 mil refeições à população de rua, produzidas cerca de 20 mil Máscaras Solidárias, além de milhares de cestas básicas e mais de 50 toneladas de produtos da Reforma Agrária Popular.

Movimentos sociais do campo à cidade, sindicatos, associações e voluntariado têm construído, mão à mão, uma rede de solidariedade que tem beneficiado as comunidades mais vulneráveis durante a pandemia da COVID-19. Leia aqui.

A união entre petroleiros e agricultores vai resultar em uma ação de solidariedade a famílias em situação de vulnerabilidade da periferia de Curitiba e Araucária.

O objetivo era distribuir 400 cargas de gás de cozinha, adquiridas por meio de uma campanha junto aos petroleiros da refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), e 15 toneladas de alimentos frescos, doados por camponeses e camponesas da reforma agrária de cinco municípios e por produtores familiares de São José dos Pinhais. Leia mais aqui.

A plataforma foi elaborada por movimentos sociais, sindicatos e entidades organizadas em torno da agricultura familiar, da reforma agrária, dos povos e comunidades tradicionais, da agroecologia e da soberania alimentar para apresentar à sociedade brasileira um conjunto de propostas emergenciais para lidar com os efeitos da pandemia do novo coronavírus. A ação é voltada à população do campo, das florestas e das águas, tem como objetivo recuperar a capacidade produtiva e retomar uma política de abastecimento para reconstruir os estoques de alimentos e enfrentar a ameaça de agravamento da fome que se anuncia diante da crise na saúde e economia, devido à Covid-19. Acesse aqui.

Para inaugurar a série de Conferências intituladas de “Reflexões sobre o Brasil em Tempos de Pandemia”, o MST discutiu, no dia 15/10/2020, o tema da soberania alimentar. Os participantes foram: Maria Emília Pacheco, antropóloga, assessora da FASE e ex-presidenta do Consea, Letícia Sabatela, atriz, Bela Gil, culinarista e apresentadora de televisão, Luís Inácio Lula da Silva, ex-presidente, José Graziano da Silva, agrônomo, professor e ex-presidente da FAO, e João Pedro Stedile, da Coordenação Nacional do MST. Acesse aqui.