Durante a pandemia, parte importante das ações da sociedade civil foram  realizadas de forma virtual, impulsionadas pela necessidade de isolamento e de distanciamento. Organizações e indivíduos passaram a usar mais e melhor as ferramentas digitais para o ativismo. Seguem abaixo alguns exemplos de ativismo digital contra a pandemia e a favor da vida. Vejam também os Relatórios de Pesquisa do Repositório sobre o tema.

As mobilizações a favor da vacina foram muito importantes nas mídias sociais, especialmente ao longo do ano de 2021. É o caso do tuitaço convocado por várias entidades e pessoas públicas no dia 24 de fevereiro de 2021, que utilizou a hashtag #VacinaParaTodosJá. Vejam também a live da Campanha Vacina para Todos Já.

O ato virtual “Defender a Amazônia é defender a vida” foi promovido por uma articulação de organizações que atuam nos nove estados da região amazônica: Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Articulação dos Povos indígenas do Brasil (APIB), Via Campesina, Mídia Ninja, Terra de Direitos, Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, Rede Eclesial Pan-Amazônica, International Rivers e Amigos da Terra. O ato reuniu lideranças comunitárias em depoimentos e ações culturais para celebrar o dia 5 de setembro: Dia da Amazônia. Acesse aqui.

“Lugar de Quarentena” foi um podcast feito para entender e compartilhar diferentes vivências e impactos do COVID-19 nas periferias, partindo dos distritos de Parelheiros e Marsilac. No dia 24 de abril de 2020 foi lançado o primeiro de 21 episódios (o último é de 25 de maio de 2021). A iniciativa é do grupo “ArquePerifa”. Acesse aqui.

Em 2020, as principais centrais sindicais se uniram para celebrar o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora. Por conta da pandemia do coronavírus, pela primeira vez, a confraternização foi virtual. Centrais sindicais organizadoras: CUT, CSB CGTB, CTB, Força Sindical, Intersindical, NCST, Pública Central do Servidor e UGT. Veja aqui.

Comunicação em tempos de isolamento foi um bate-papo sobre tecnologia como ferramenta para se comunicar e a luta contra as notícias falsas (fake news), realizado no dia 16/07/2020. Participaram do debate: Roni Barbosa – Secretário de Comunicação da CUT Brasil, Natália Bonavides – Deputada Federal | PT-RN e Paulo Salvador – Rede Brasil Atual.

Para conversar sobre o que foram as alianças solidárias durante a pandemia, quais os seus limites e potencialidades, o canal Transe Hub realizou uma live, no dia 27/08/2020, com a participação de Victor Hugo Viegas, integrante do Transe, e Zé Antônio – ativista que fez etnografia digital em dezenas de grupos de facebook e de Whatsapp de ajuda mútua durante o período mais intenso de mobilização em busca do auxílio. Veja aqui.

A Campanha de Solidariedade Periferia Viva organizou uma live no dia 3 de agosto de 2020, para debater os profundos impactos da pandemia para as mulheres, dentro e fora de casa. O encontro contou com a participação de Débora Diniz, antropóloga professora da Universidade de Brasília, e Isis Menezes Táboas, da Consulta Popular. Eliane Martins, coordenadora da Campanha, coordena o debate. Na apresentação, ela argumenta, sobre o tema do uso das mídias sociais pelos movimentos: “a gente está aqui também meio jovens nessa história de Internet, então somos um pouco atrapalhadas ainda, porque a nossa praia não era essa virtual, a nossa praia era – ainda é – a presencial… (estamos) aprendendo a lidar com esse espaço” (minuto 10).  Acesse aqui. Para assistir outras lives organizadas pela Campanha, veja a página do Facebook.

Esta live discute as iniciativas e desafios enfrentados por organizações sociais e comunitárias no enfrentamento da pandemia, durante os primeiros meses de 2020. É uma conversa com Marcivan Barreto, presidente estadual da CUFA – Central Única das Favelas, Anabela Gonçalves, presidente da Associação Cultura Bloco do Beco, deputado federal Orlaldo Silva e Wagner Silva (Guiné), coordenador da estratégia de Fomento da Fundação Tide Setubal.

Tema: organizações sociais e comunitárias no enfrentamento dos efeitos da pandemia. Acesse aqui o vídeo da live.

Muitas organizações lançaram iniciativas para garantir que o orçamento federal priorizasse o combate à pandemia. Em 14 de julho de 2021, organizaram o tuitaço #OrçamentoSemPovoNuncaMais. Além disso, mobilizarem-se para que o Congresso Nacional garantisse recursos para as vacinas: “As vacinas contra a Covid-19 nos trazem esperança, mas há um grande desafio pra que elas cheguem a todas as pessoas. O Congresso Nacional precisa agir rápido para proteger a população. … O Congresso Nacional precisa aprovar o Piso Emergencial no Orçamento 2021, que vai garantir recursos para que a saúde, assistência social, educação e segurança alimentar neste ano de pandemia”. Acesse aqui.

Campanha foi organizada em 2021, em torno a uma “corrente do bem” nas plataformas digitais. A ideia é que cada influenciador(a) marcasse dois perfis com os quais tivesse afinidade, utilizando as hashtags #MudarOJogo e #Agenda2030paraVencerACovid. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável refere-se a um plano de ação, negociado no âmbito das Nações Unidas, que coloca a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades como desafios globais e requisitos indispensáveis para o desenvolvimento sustentável. O Brasil e outros 192 países que integram a Organização das Nações Unidas (ONU) se comprometeram a implementar a Agenda 2030. A iniciativa desta Campanha é do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030).

Um coletivo de voluntários e voluntárias criou a plataforma https://www.vacinadxs.com/, com o intuito de ajudar a campanha pela vacinação. Em vídeos curtos, pessoas que já foram imunizadas fazem um relato da sua experiência. Como dizem os próprios organizadores: “Com narrativas espontâneas e autênticas, queremos celebrar o início da imunização e ampliar as informações para todos aqueles que se veem inseguros ou ansiosos em relação aos efeitos das vacinas”. São indivíduos de vários lugares do país, que tomaram os diferentes tipos de vacinas e fazem um apelo para que todo mundo se proteja.

Os trabalhadores de serviço de entrega dos aplicativas fizeram uma paralisação nacional no dia 1º de Julho de 2020 no Brasil. O material de chamada para participação da paralisação, tanto dos entregadores como dos usuários dos aplicativos de entrega, foi publicado nas contas do Twitter e Facebook do “Treta No Trampo“.

O coronavírus teve efeitos ainda mais devastadores nas comunidades quilombolas, nas quais faltam serviços de saúde e a letalidade foi alta. Para dar visibilidade a essa situação e debater saídas, ativistas e organizações fizeram várias lives. Em uma das primeiras lives, organizada em 4 de junho de 2020, a secretária-executiva da CONAQ, Selma Dealdiana, e a jurista Deborah Duprat abordam o tema, com apoio da Oxfam Brasil. Assista aqui.

O Observatório do Marajó trabalha para construir tecnologias sociais que sirvam à população, sobretudo à população marajoara, para pautar a agenda pública e os processos políticos a partir do conhecimento e da informação. O Observatório lançou uma iniciativa para trazer dados sobre o contexto social da região e de cada um dos municípios, intitulada Cadernos do Marajó, Edição Especial – 40 dias de Marajó com Coronavírus. O Caderno e demais informações podem ser acessadas pelo link.

Em tempos de pandemia, as novas tecnologias digitais estão sendo usadas intensamente por coletivos de comunicação e por outras organizações das periferias, para apresentar demandas, divulgar opiniões, trocar ideias. É possível acessar as várias entrevistas, lives e podcasts que vêm sendo feitos pelos próprios ativistas. Vejam, por exemplo:

Entrevista com Preto Zezé, Presidente Nacional da Central Única das Favelas.

Vídeos que falam sobre a experiência de Paraisópolis (SP), aqui e aqui.

Podcast “Quarentena“, da Agência Mural de Jornalismo das Periferias e Podcast Lugar de Quarentena, do coletivo de comunicação ARQUEPerifa.

Roda de Conversa da Rádio Ação Paramita, “Favela, Autoorganização e Covid-19“.

Thiago Vinícius, da Agência Popular Solano Trindade, coletivo localizado na periferia do Campo Limpo (Zona Sul de SP), Roberta Rodrigues (Vidigal, Rio de Janeiro), Max Maciel (Projeto Ruas, Ceilândia, DF), Neila Gomes (Movimento pela Moradia, Belém), entre outros, são entrevistados sobre sua atuação contra a pandemia.

Durante a pandemia, o site change.org lançou mais de 500 petições online, criadas como forma de mobilização para exigir medidas rápidas e de assistência por parte das autoridades. Elas são de temas diversos, como cancelamento de aulas, adiamento de eventos e suspensão temporária do pagamento de tributos. Para conhecer algumas das petições clique aqui. Para ver o vídeo da campanha, que argumenta a favor desse tipo de “ativismo de sofá” em contexto de pandemia, clique aqui.

Uma das campanhas digitais mais importantes de 2020 foi aquela que demandava o adiamento da realização das provas do ENEM, com as hashtags #AdiaEnem e #AdiaEnem2020.

Há vários relatos sobre o aumento da violência doméstica contra mulheres em contexto de isolamento social. Muitos grupos e coletivos fizeram vídeos sem som – para proteger as mulheres que o acessam – nas quais as participantes portavam cartazes com informações sobre onde conseguir ajuda, assim como mensagens de solidariedade. Vejam, por exemplo, a página do Instagram do MOVIElas.

A Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio criou a campanha “Fala Quebrada”, na qual, por meio de um formulário on-line, possibilitou denunciar ações de violações de direitos durante a pandemia. No formulário, é possível identificar quem praticou a ação, inserir imagens e geolocalização.

O Voz das Comunidades, jornal criado por moradores do Complexo do Alemão (RJ) em 2005, lançou um aplicativo para celulares, cujo objetivo é “combater a desinformação sobre a COVID-19”. O jornal identificou a demanda, por parte de moradores de comunidades cariocas, de fontes confiáveis de informação em meio à pandemia da Covid-19. Veja mais informações no site do jornal.

No dia 07 de maio de 2020 a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizou a Marcha Virtual pela Ciência.

Durante todo o dia foram transmitidas atividades pelas mídias sociais, com o objetivo de chamar atenção para a importância da ciência no enfrentamento à COVID-19. A Universidade de Brasília, assim como outras universidades e centros de pesquisa, se somou a esta iniciativa. O vídeo da chamada pode ser visualizado acima.

Além dos protestos mencionados em outras publicações desta página, fizemos uma lista (certamente incompleta) de algumas das principais hashtags de protesto utilizadas no primeiro ano da pandemia:

  • #CoronaNasPeriferias
  • #COVID19NasFavelas
  • #CUFAcontraovirus
  • #Favelacontravirus
  • #PagaLogoBolsonaro
  • #CoronNasPerifas
  • #Covid19nasPeriferias
  • #CovidNasFavelas
  • #Covid19PeriferiasBelem
  • #covid19nafaveladoaço
  • #JacarezinhoContraOCoronavirus
  • #DiarioDeUmFaveladoNaPandemia
  • #CoronaNasPeriferiasEFavelas
  • #FiqueEmCasa
  • #maesdafavela

Muitas organizações estão mostrando, em tempo real, as ações de solidariedade relacionadas à pandemia, por meio de lives em páginas do Facebook e Instagram. Veja, por exemplo, a live do dia 1 de maio, gravada na Associação de Moradores de Peixinhos (PE), que divulga a ação conjunta de ativistas do MST, de sindicatos e associações de moradores para a distribuição de alimentos, na página do Facebook da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias.

A Rede EPI (Equipamentos de Proteção Individual) criou, em 2020, um site cujo objetivo era fazer a conexão entre quem precisava de equipamentos de proteção e potenciais doadores. Foi uma iniciativa de profissionais da comunicação e membros da comunidade de saúde. No site, instituições de saúde podiam se cadastrar e apresentar suas demandas.

Também houve uma multiplicação das chamadas “vaquinhas eletrônicas”, para arrecadar fundos para comprar mantimentos e material de limpeza para as comunidades mais pobres. Nas plataformas de crowdfunding Benfeitoria.com e Apoia.se é possível acessar várias dessas iniciativas. Tem também a página https://combatecovid.org/, cujo objetivo é arrecadar doações e dar visibilidade aos hospitais filantrópicos e organizações sociais que estejam no combate à COVID-19 no Brasil.

mundo da filantropia reuniu, em uma mesma plataforma, fundos de investimento social e vaquinhas digitais para arrecadar dinheiro para diversas finalidades, desde ações de assistência social até compra de equipamentos para hospitais e instituições de pesquisa. A iniciativa, denominada “Emergência COVID-19 – Coordenação de Ações da Filantropia e do Investimento Social em Resposta à Crise”, foi coordenada pelo GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas.  Em 2021, o GIFE publicou o livro “Filantropia e investimento social na pandemia: respostas, aprendizados e reflexões sobre o futuro”, de autoria de Karen Polaz, que reúne dados e análises sobre as ações realizadas no ano anterior. O livro pode ser baixado gratuitamente aqui.

O Comitê das Comunidades é um grupo no WhatsApp que busca levar mais informações sobre o coronavírus para bairros periféricos do município de Santo André, em São Paulo. A iniciativa foi criada pelo MDDF (Movimento de Defesa dos Favelados) com o objetivo de organizar uma rede virtual com moradores e lideranças comunitárias que representam as favelas do município, além de traçar temas debatidos no grupo. A matéria completa pode ser acessada através do link.