Acesse, nesta página, estudos importantes realizados por membros de outros grupos de pesquisa e instituições, que contribuem para a organização e análise das informações sobre a pandemia e seus impactos:

Este site, criado por várias pesquisadoras e pesquisadores, vinculadas ao Centro de Estudos em Conflito e Paz (CCP/NUPIR/USP) e liderado também pelo projeto Reconexão Periferias da Fundação Perseu Abramo, abarca vários testemunhos de pessoas que viveram a pandemia em periferias brasileiras. O objetivo central da iniciativa é criar um memorial que retrate as dificuldades da luta diária dessas/es sujeitas/os periféricos. Além dos testemunhos, também é possível encontrar no site eventos e publicações acadêmicas elaboradas pelas/os integrantes do projeto, como a última publicação: “As margens do estado na pandemia: experiências periféricas de (in) segurança humana no Brasil“.

Em vários países, a COVID-19 amplificou desigualdades em termos de saúde e socioeconômicos, que incentivam a mobilização social. O artigo analisa como a pandemia pode ter afetado reações complexas contra as desigualdades sociais. O artigo, de autoria de Peter Grant e Heather Smith pode ser acessado aqui.

Imagem: Brasil de Fato

Rede de Observatórios da Segurança é “uma iniciativa de instituições acadêmicas e da sociedade civil da Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo dedicada a acompanhar políticas públicas de segurança e a criminalidade nesses estados”. A Rede realizou um levantamento sobre as operações policiais nas favelas do Rio de Janeiro em março deste ano, e encontrou uma redução de 23% no número de operações, em comparação com o mesmo mês de 2019. A diminuição nas atividades policiais ocorreu principalmente após o dia 16 de março. Ver aqui relatório com os resultados da pesquisa.

Este artigo aponta como o net-ativismo ameríndio se articula nas mídias digitais, levando em consideração a diversidade étnica e as vulnerabilidades sociais, durante o período pandêmico. Parte da análise de três perfis de Instagram: @midiaindiaoficial, @apiboficial e @visibilidadeindigena. Constata-se que as publicações desses perfis são marcadas pela: I) mobilização e divulgação acerca dos cuidados em período pandêmico, vacinação e atualização de dados estatísticos (vacinados, mortos e contaminados); II) conscientização e denúncia de violações dos direitos dos ameríndios; e III) divulgação de suas conquistas no campo das artes, estudos, legislações, entre outros. Os autores argumentam que os povos originários passaram a habitar esses espaços digitais, como ecologia, tanto de luta quanto de resistência.

O artigo discute as inter-relações entre gordofobia, (re)existências e ativismo gordo, no que concerne às experiências de mulheres gordas durante a pandemia do novo coronavírus. As autoras se baseiam em suas experiências como mulheres gordas, numa perspectiva autoetnográfica, em diálogo com o aporte teórico-crítico que evidencia o campo dos estudos do corpo gordo, o movimento decolonial, o ativismo gordo e o feminismo decolonial em diálogo com o feminismo gordo. As autoras discutem de que modo a pandemia do novo coronavírus evidenciou a gordofobia no Brasil, ao tempo em que a exacerbou, bem como de quais formas têm se dado a atuação do ativismo de mulheres gordas nesse processo de enfrentamento ao preconceito.

O presente trabalho tem como objetivo principal apresentar algumas das ações das crianças consideradas digital influencers para a promoção de conscientização e enfrentamento da Covid-19. A coleta dos dados foi realizada a partir de uma etnografia digital, analisando as redes sociais e notícias vinculadas na mídia de onze crianças de diferentes países (Brasil, Estados Unidos, Uganda e Suécia). Os autores argumentam que a Internet tem possibilitado uma visibilidade a grupos minoritários, como as crianças, permitindo que esse grupo social se engaje em ações que considera relevantes, obtendo maior visibilidade de suas lutas por meio das redes e acessando pessoas que até então eram desconsideradas nas agendas dos movimentos sociais.

A pesquisa avalia de as estratégias de coalizão entre sindicatos de saúde e movimentos sociais na cidade de São Paulo. Ambos já vinham recorrendo a campanhas em coalizão antes mesmo da pandemia e, com o advento desta, buscaram mobilizar a comoção social e obtiveram êxito a nível local, apesar de importantes derrotas a nível municipal. As campanhas analisadas apresentam distintos graus de “profundidade” e resultados, mas entre suas ações principais estão: a realização de pequenos protestos e “atos relâmpago”; a combinação de comunicação através de redes sociais com a busca por chamar a atenção de veículos de imprensa; o apoio de parlamentares e de outros movimentos sociais dos bairros; e apelos ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Município

O estudo aborda como movimentos indígenas de diferentes partes do país denunciaram, ao longo da pandemia, as omissões na atenção à saúde diferenciada para as populações indígenas como um genocídio intencional e sistemático do Estado brasileiro. A falta de ressonância de suas demandas para dentro das estruturas estatais, vem levando os movimentos indígenas a implementar ações alternativas para o enfrentamento da epidemia. Tomando como foco de análise os Planos de Enfrentamento da COVID-19 de movimentos indígenas de diferentes regiões do país, o presente trabalho buscou analisar as estratégias de exercício do controle social em saúde indígena que vêm configurando mobilizações, articulações e denúncias importantes tanto para a prevenção e tratamento da Covid-19 quanto para a melhoria da atenção à Saúde Indígena no país.

O artigo parte de entrevistas, realizadas desde janeiro de 2021, para abordar as consequências da pandemia de coronavírus nas favelas cariocas, analisando, primeiramente, a precariedade das políticas públicas nesses locais e os desdobramentos dessa realidade no contexto da Covid-19. O estudo pretende, ainda, questionar a noção das favelas como espaços de ausências para compreender a riqueza e a criatividade dos saberes e conhecimentos que ali circulam e que se manifestam justamente em contextos de crises, como a da pandemia atual.

O artigo analisa as iniciativas comunitárias que surgiram durante a pandemia para dirimir os impactos da pandemia nas comunidades. Os autores problematizam que essas ações dependem da solidariedade e empatia dos sujeitos, o que nem sempre acontece. Através de um olhar comunicacional sobre as dinâmicas de (des)mobilização, os autores buscam compreendê-las a partir de três vertentes: condições de contato; condições de coletivização e condições de empatia, a partir da observação do 1o Encontro do Periferia Viva – Força-Tarefa Covid 19, um projeto articulador realizado em Belo Horizonte.

O estudo se baseia em uma pesquisa de campo etnográfica junto aos dirigentes sindicais bancários do interior do Rio Grande do Sul para analisar os repertórios de mobilização colocados em prática pelo sindicalismo bancário, durante o primeiro ano de pandemia, bem como as possibilidades e desafios da atuação sindical. Os resultados mostraram que os confrontos do sindicato não se restringiram às pautas habituais, como garantir salários e condições de trabalho, havendo um deslocamento dos repertórios de mobilização para a defesa da saúde e da própria vida dos trabalhadores. O autor aponta que, apesar do distanciamento social imprevisto e consequentes restrições à atuação sindical, o processo de mobilização continuou, de forma predominante, pelos meios digitais. O artigo também observa que a pandemia do COVID-19 também possibilitou o reinventar da ação sindical, com foco na segurança e proteção da vida dos bancários e de suas famílias.

O artigo analisa como ativismos rurais no Brasil reagiram à pandemia da Covid-19. Para tanto, foram mapeadas as ações das principais organizações que congregam agricultores familiares e camponeses no país, nos primeiros sete meses da pandemia, de março a setembro de 2020: Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil (Contraf-Brasil), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

O artigo analisa a maneira como a pandemia de COVID-19 estimulou ações de solidariedade em diferentes comunidades. Aborda como as pessoas usaram as novas mídias digitais para aumentar a solidariedade e espalhar as formas de prevenir o novo corona vírus. O artigo utiliza metodologia qualitativa para estudar movimentos sociais que contribuíram nessa luta. Os resultados mostram que a pandemia serviu para que as pessoas aprendessem a utilizar as plataformas de mídias sociais, criando conteúdo, educando e levantando recursos.

O livro reúne artigos que debatem a realidade da pandemia em 28 países de todos os continentes, com a finalidade de analisar as múltiplas implicações sociopolíticas da pandemia. A obra ofere uma mirada global sobre a crise atual e o mundo contemporâneo, a maneira como as desigualdades foram agravadas e as diferentes formas de controle social desenvolvidas. Além disso, evidencia as iniciativas de solidariedade, movimentos sociais e as maneiras para renovar o pensamento crítico e as formas de mundo possíveis.

O livro propõe uma reflexão a respeito dos efeitos da pandemia para além da dimensão da saúde, considerando também marcadores sociais diversos, como raça, gênero, classe social, sexualidade, territórios e dinâmica econômica. O volume congrega pesquisadores e especialistas, que apresentam contribuições diversificadas e que se debruçam, com especial atenção, sobre as populações vulnerabilizadas do Brasil diante da emergência global.

O livro oferece uma coletânea de artigos que analisam o impacto da político e as respostas dos governos latino-americanos à pandemia de COVID-19 em oito países. De maneira geral, os textos abordam como o negacionismo e o populismo afetaram as respostas à pandemia do novo coronavírus e avalia a efetividade de estratégias adotadas por diferentes governos para lidar com a crise sanitária.

A pandemia de Covid-19 expôs ainda mais as vulnerabilidades da humanidade, ao mesmo tempo em que acentuou as desigualdades pré-existentes. No entanto, também destacou seus pontos fortes, não apenas em termos das vacinas criadas em tempo recorde (embora terrivelmente distribuídas de forma desigual), mas também em termos de destacar a importância dos sistemas de saúde. A iniciativa SOLIVID, composta por 34 grupos de pesquisa da América Latina e Europa, foi criada em abril de 2020 como um sistema de metadados de ações de solidariedade internacional que surgiram no contexto da pandemia. Neste livro, publicado em colaboração com a Universidade Autônoma de Barcelona, 43 autores procuram estudar e divulgar estas ações de solidariedade coletiva, fornecendo elementos de debate e recursos para uma análise panorâmica.

Os autores argumentam que a pandemia chegou em um momento de agitação social e que, apesar de todos os problemas psicossociais que ela pode causar posteriormente, há um cenário que possibilita o aumento do nível de conflito social, especialmente em razão da forma como a pandemia foi conduzida em alguns lugares. Tal fenômeno foi obervado em casos como o da peste bubônica, que ficou “cozinhando” a inquietação social por alguns anos. Os autores apontam que, historicamente, as pandemias e epidemias estão relacionadas ao aumento do preconceito racial e contra pessoas pobres. Inclusive, refletindo na produção de políticas que discriminam e oprimem essa população. 

Diante da emergência em saúde pública de importância internacional provocada pela COVID-19, trabalhadores da pesca artesanal, em diálogo com lideranças e acadêmicos brasileiros criaram, em março de 2020, um Observatório sobre os impactos dessa pandemia em comunidades pesqueiras. O artigo analisa a experiência de vigilância popular da saúde de pescadores e pescadoras através de boletins diários produzidos no Observatório.

O artigo oferece uma análise sobre as mobilizações realizadas pelo setor cultural para garantir a subsistência daquelas pessoas que sobrevivem do campo cultural, durante a pandemia. O setor cultural foi um dos mais afetadas, já que, além de ter sido o primeiro a ser fechado, foi o último a reabrir. Assim, os trabalhadores da área ficaram um tempo considerável sem poder trabalhar. Os autores mostram a importância dos movimentos independentes de artistas pela implantação de ações e programas que contemplem seu ofício. Apesar de ser um setor que movimenta bastante recurso no país, a cultura sofre com ciclo de descomprometimento do Estado com a cultura.

O artigo aborda as formas pelas quais a pandemia pode ter afetado as formas de reações a injustiças sociais. Para os autores, o isolamento social, o contexto pandêmico e as interações em mídias sociais favorecem o espalhamento de emoções negativas. Tais emoções são ativadas quando se observa um cenário de injustiça social, o que motiva a participação em protestos, apesar dos riscos oferecidos pela pandemia. Além disso, os autores abordam como o separatismo tem sido encorajado em alguns países, em decorrência da ausência de uma liderança nacional efetiva.

O artigo analisa os impactos da pandemia de Covid-19 para as mulheres da classe trabalhadora, majoritariamente mulheres negras. O artigo aborda as respostas psicossociais desenvolvidas por um grupo de mulheres organizadas em um movimento social feminista na cidade de São Paulo (SP). A autora aponta o peso da sobrecarga de trabalho e emocional, mas também, relações de cuidado e solidariedade que apontam para uma resistência à política hegemônica atual e para horizontes de transformação social.

O artigo apresenta as formas de adaptação adotadas por protestos realizados “offline” durante a pandemia. Tais protestos necessitaram adaptar suas táticas ou utilizar ferramentas inovadoras de repertórios de contenção. O artigo oferece exemplos de protestos que ocorreram desde março de 2020, divididos em quatro categorias: 1) táticas ajustadas às limitações da pandemia; 2) táticas que são consequência das limitações; 3) táticas relacionadas à oposição ao lockdown; 4) táticas que usam enquadramentos da pandemia.

O artigo tem como objetivo analisar o conteúdo de documentos propostos por movimentos sociais e entidades de classe para orientar o cuidado em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) durante a pandemia da COVID-19 no Brasil. O estudo mostra como os movimentos sociais e entidades tiveram um bom desempenho no suporte às ILPI no Brasil, por meio da divulgação de documentos que contribuíram para nortear o cuidado à pessoa idosa institucionalizada em situação de vulnerabilidade.

O objetivo central do artigo é examinar o crescimento do #Caremongering no Canadá. O movimento se iniciou a partir das restrições das Covid-19 de distanciamento social, quando comunidades canadenses criaram um movimento social no Facebook com o objetivo de ajudar indivíduos vulneráveis em suas comunidades. O artigo analisa as principais formas como os grupos foram utilizados e as diferenças nos usos, atividades e número de integrantes.

O artigo aborda o surgimento de movimentos sociais que veiculam narrativas anti-ciência e conspiracionistas baseadas em desinformação. Aponta os prejuízos que a desinformação em saúde pública acarreta ao fomentar dúvidas nas pessoas quanto à vacinação. Os autores compreendem narrativas conspiratórias como uma combinação de desinformação, informações equivocadas e rumores, que são eficazes em fazer as pessoas crerem na pós-verdade ou em formar movimentos sociais desinformados.

O artigo estudo analisa a pandemia de Covid-19 para os Māori, na Nova Zelândia. Nesse caso, embora do início da pandemia os Maori tenham tido mais casos de mortalidade do que os não Maori, com o tempo essa proporção foi invertendo. Além disso, a pandemia também foi um momento que acelerou o movimento de autodeterminação de povos indígenas no país, o artigo aborda as formas de manifestação observadas na ilha do sul de Nova Zelândia.