Ao longo da pandemia de Covid-19, os povos indígenas e as comunidades tradicionais sofreram ainda mais com o isolamento social, a presença de garimpo e pessoas de fora dessas comunidades e o impacto da doença sobre seus povos. Várias ações foram realizadas para garantir a integridade de suas terras e apoiar essas populações. Conheça aqui algumas delas. 

Também foi realizado estudo sobre mobilização e campanhas de vacinação para povos indígenas.

A campanha #ForaGarimpoForaCovid é uma iniciativa do Fórum de Lideranças Yanomami e Ye’kwana e da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Associação Wanasseduume Ye’kwana (SEDUUME), Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK), Texoli Associação Ninam do Estado de Roraima (TANER), Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA). A ação foi motivada em virtude das ameaças geradas pelo impacto da Covid levada a territórios indígenas por meio de garimpeiros ilegais.

No site da petição online, o Fórum de Lideranças da Terra Indígena Yanomami pede o direito de viver sem garimpo e com saúde. Diante do quadro, solicita que as autoridades do Ministério de Justiça e Ministério da Saúde tomem medidas urgentes em conjunto com outros órgãos do governo para uma ação coordenada e com devidas precauções técnicas sanitárias a fim de promover a desintrusão total dos garimpeiros que ainda estão nas terras indígenas.

Já foram mais de 439 mil assinaturas e dois projetos em tramitação (PL 776/2020, PDL 136/2020) que tratam dessa questão, mas que tiveram nos sites da Câmara e do Senado menos de 20 apoios até abril de 2021.

Acesse aqui a petição Fora Garimpo, fora Covid.

O movimento online para proteger povos indígenas do Covid, criado pelo fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. Ele que trabalhou na Amazônia na última década, junto da esposa Lélia Wanick Salgado, que projeta seus livros e exposições criaram a petição em apoio às necessidades dos povos indígenas nesse período.

Segundo o autor e a autora, os povos indígenas do Brasil sofrem há muito tempo com o desmatamento, incêndios florestais, rios envenenados e invasão de suas terras. Diante do coronavírus, os indígenas correram o risco de ser dizimados pela Covid-19, já que não havia medidas urgentes para protegê-los e eles estavam expostos ao coronavírus transportado por invasores de suas terras. O apelo foi dirigido aos três Poderes do Estado brasileiro. 

Com grande repercussão internacional, o abaixo-assinado alcançou mais de 295 mil assinaturas, mas o PL 1142/2020 que se tornou a Lei 14021 de 2020, que previa ações específicas para povos indígenas na pandemia contou com pouco mais de 3500 assinaturas de apoio nos sites da Câmara edo Senado, pouco mais de 1% do total alcançado pela petição online. A lei aprovada teve vetos do Governo Federal que dificultariam sensivelmente o alcance dela e que foram rejeitados pelo Congresso.

Apesar da legislação os resultados e a prevenção da Covid nos territórios indígenas foi considerada insuficiente e o governo brasileiro foi acusado internacionalmente de genocídio indígena na pandemia do coronavírus.

Conheça aqui a petição online de Sebastião Salgado para proteger povos indígenas da Covid-19.

A Rede (CO)Vida é uma iniciativa do coletivo Mururu, formado por antropólogos, historiadores e indigenistas que atuam diretamente com os povos indígenas, tanto em atividades de pesquisa, como em ações indigenistas. O objetivo do coletivo é sistematizar os dados epidemiológicos que são divulgados sobre a Covid-19 no Estado do Maranhão e refletir sobre a realidade da assistência à saúde, entre outras políticas públicas, destinada aos povos indígenas que habitam o Estado. Procuram agrupar dados de diferentes fontes para tornar a informação mais qualificada e de fácil visualização. As atividades ocorrem em comunicação com membros dos diversos povos que compõe os coletivos indígenas no Estado do Maranhão. Confira mais informações no site do grupo.

Mais de 1200 indígenas já morreram por Covid-19 no Brasil. A Emergência Indígena da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) é uma Frente que “organiza planos, projetos e ações criados a partir da necessidade de acompanhar e analisar o impacto do vírus sobre os povos indígenas, fornecer insumos e desenvolver estratégias de enfrentamento específicas e diferenciadas, e resguardar a memória e conhecimento ameaçado pela morte de nossos parentes.” Além da contagem progressiva de casos e mortes, o site da Frente apresenta várias informações sobre a situação dos povos indígenas perante a pandemia, bem como um relatório detalhado.

Em meio à pandemia o Povo Fulni-ô segue resistindo em terras pernambucanas, apesar de ter sua economia afetada de modo intenso. Para ajudar a sanar o problema econômico da comunidade foi criada a Vakinha “Núcleo Fulni-ô de Enfrentamento ao Covid-19 2021” pelo grupo Coletivo Fulni-ô de Cinema juntamente a Associação Indígena Taidjoah.

O objetivo da arrecadação é a aquisição de cestas básicas e itens de higiene para o Povo aldeado. Acesse aqui para ajudar.

Missão Covid é uma plataforma voltada para o combate do coronavírus, desenvolvida para o atendimento médico gratuito por vídeo chamada para pacientes indígenas aldeados e também os que vivem nas cidades e estão com sintomas da Covid-19.

O projeto tem o apoio da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB, da Fundação Darcy Ribeiro, do @projetoxingu e de toda a equipe de saúde indígena da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Acesse a plataforma aqui.

O movimento Fridays for Future lançou uma campanha de doação com foco nas populações amazônicas. O objetivo foi doar itens básicos de higiene e alimentação e investir em equipamentos de saúde. As doações foram distribuídas entre diferentes comunidades para o Alto Rio Negro (Yanomami), Lábrea e Purus (povos Paumari, Apurinã, Deni, Jamamdi e Jarauwara)e Manaus (várias comunidades e famílias).

Mais informações sobre o fundo podem ser obtidas através do site.

A campanha #ForaGarimpoForaCovid é uma iniciativa do Fórum de Lideranças Yanomami e Ye’kwana e da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Associação Wanasseduume Ye’kwana (SEDUUME), Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK), Texoli Associação Ninam do Estado de Roraima (TANER), Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA).

A petição pode ser acessada pelo link. Acesse também o vídeo “A Mensagem do Xamã | #ForaGarimpoForaCovid”, realizado pelo Fórum de Lideranças Yanomami e Ye’kwana e Campanha #ForaGarimpoForaCovid.

A organização UNEAfro e mais 12 parceiros, incluindo redes de apoio a quilombolas, distribuíram cestas básicas e kits de higiene em periferias e em 8 quilombos, localizados em 5 estados diferentes.

Neste link é possível encontrar informações detalhadas das etapas da campanha e a prestação de contas dos recursos já arrecadados. Também é possível acessar a vakinha aqui.

A Cooperquivale (Cooperativa dos Agricultores Quilombolas do Vale do Ribeira), em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), organizou a produção e a entrega emergencial de cestas de produtos da pesca caiçara e da roça dos quilombos para ajudar a suprir as necessidades básicas de 716 famílias da região do Vale do Ribeira e também da capital paulista.

A matéria pode ser lida através do link. Veja também a página do Facebook da Cooperativa.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), em assembleia, criou o Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena como grupo responsável para acompanhar a disseminação do coronavírus nas comunidades e seu enfrentamento. Como parte das atividades, o Comitê criou a campanha Quarentena Indígena, que divulga boletins sobre o assunto, faz a contabilidade de casos e informa os indígenas sobre a pandemia.

É possível contribuir para a campanha fazendo ações através da vakinha online e do PayPal, visite o site da campanha para saber mais.

A população de Ilha de Maré (BA) mostra-se muito preocupada com a pandemia, especialmente com a chegada de turistas e de pessoas de outras cidades que escolhem o local para se proteger da doença.

Eliete, marisqueira, pescadora, quilombola e moradora da Comunidade Porto dos Cavalos, um dos cinco quilombos que existem  dentro da Ilha de Maré, expõe, nesta notícia, as dificuldades que ela e outros moradores enfrentam.

A Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), em parceria com a Rainforest Foundation US, lançou um fundo emergencial visando a prevenção e os cuidados urgentes e imediatos exigidos pelo coronavírus em relação à população indígena.

Maiores informações sobre a medida podem ser encontradas nesse link. O comunicado à imprensa foi publicado no Facebook da Coordenação, além do site para coleta das doações.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e a Indigenistas Associados (INA) lançaram um manual de orientações para indígenas sobre o Coronavírus, incluindo também um guia para acessar o Auxílio Emergencial do governo federal.

A iniciativa, segundo as organizações, faz parte do Abril Vermelho, mês em que se celebra o Dia da Resistência Indígena (19/04), dedicado este ano à mobilização e à articulação de ações em torno da “defesa da vida dos povos indígenas” no contexto da pandemia. Neste link, também é possível acessar páginas especiais da APIB e da INA sobre o tema.

A Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé , organização da sociedade civil criada em 1992 em Rondônia, criou uma página, explicando a importância de ajudar os povos indígenas a enfrentar a pandemia:

“Por conta da pandemia do Novo Coronavírus, a situação dos povos indígenas, que já era muito difícil, ficou ainda pior. Muitas aldeias dependem da venda de seus produtos (farinha, castanha, café, artesanato, etc), e esse comércio foi prejudicado ou, na maioria dos casos, totalmente parado. Além disso, muitos indígenas que recebem algum tipo de benefício como Bolsa Família ou Aposentadoria estão sem sacar esses valores porque agora evitam ir para a cidade. Vale lembrar ainda que o sistema imunológico dos indígenas é diferente das demais populações porque seus corpos não estavam ou estão acostumados com muitas doenças. Para agravar a situação, na maioria dos casos, o acesso à saúde é mais difícil para os povos da floresta, que historicamente foram massacrados por enfermidades antes desconhecidas e agora correm risco de genocídio”.

Além dos dados bancários da Kanindé, a página também oferece uma lista de outras opções – outras organizações e iniciativas de ajuda para os povos indígenas.


Projeto do REPAM (Red Eclesial Panamazonica) criou um site que, além de mapear dados sobre o impacto da Covid-19 nos povos indígenas da Amazônia, vem publicando uma série de boletins para tornar visível, periodicamente, a situação dos povos e comunidades indígenas da Amazônia neste momento.

Confira a página aqui.

A reXistência.coletiva é uma iniciativa de ativismo social que parte de uma rede de acadêmicos da pós-graduação e professores em diferentes universidades no Brasil.

O grupo oferece cursos online de formação complementar, cuja arrecadação em valor de inscrições foi 100% revertida para doações a organizações de assistência a comunidades trans, negras e indígenas. Acesse mais informações aqui.

#TVPeriferiaEmFoco acompanhou na ilha de Cotijuba, em Belém, a ação de solidariedade no enfrentamento à Covid-19 junto às famílias ribeirinhas do Pará. O mutirão de solidariedade faz parte da campanha nacional “Estamos Prontos” que já atendeu mais de 740 mil pessoas no Brasil. No Pará, a campanha estava integrada com a Central de Movimentos Populares – CMP através da Campanha “COVID 19: SOLIDARIEDADE NA AMAZÔNIA”, uma iniciativa destinada a atender famílias de comunidades ribeirinhas, quilombolas, indígena e das periferias das cidades, que estão passando por dificuldades financeiras e vêm sofrendo com a crise econômica e o desemprego.

As ações acontecem com a parceria da Cruz Vermelha Brasileira – Pará, SEBRAE, UNICEF, FORD, Natura, Ação da Cidadania, Corpo de Bombeiros Militar, Marinha do Brasil e outros órgãos públicos juntamente com a sociedade civil organizada. Acesse o vídeo aqui.

O ato virtual “Defender a Amazônia é defender a vida” foi promovido por uma articulação de organizações que atuam nos nove estados da região amazônica: Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Articulação dos Povos indígenas do Brasil (APIB), Via Campesina, Mídia Ninja, Terra de Direitos, Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, Rede Eclesial Pan-Amazônica, International Rivers e Amigos da Terra. O ato reuniu lideranças comunitárias em depoimentos e ações culturais para celebrar o dia 5 de setembro: Dia da Amazônia. Acesse aqui.

A proposta da campanha Amazoniza-te é  ser uma prolongada e urgente ação que articule as Lideranças dos Povos Indígenas, a Igreja na Amazônia, os diferentes organismos eclesiais, artistas e formadores de opinião em nível nacional e internacional e cientistas, potencializando denúncias sobre a severidade da situação enfrentada pelos Povos Indígenas na Amazônia, agravada pela pandemia da COVID-19, e consolidando as propostas e reivindicações dos próprios povos e da terra. Acesse aqui.

Com o apoio de artistas, intelectuais, ativistas e cidadãos do mundo todo, movimento convida a imaginar o futuro pós-pandemia para provocar ação no presente.

O objetivo é incentivar a participação e engajamento nas redes de quem quer construir um futuro que não seja passado e impedir a volta da anormalidade que condena a nossa e as outras espécies. Acesse aqui.

A plataforma foi elaborada por movimentos sociais, sindicatos e entidades organizadas em torno da agricultura familiar, da reforma agrária, dos povos e comunidades tradicionais, da agroecologia e da soberania alimentar para apresentar à sociedade brasileira um conjunto de propostas emergenciais para lidar com os efeitos da pandemia do novo coronavírus. A ação é voltada à população do campo, das florestas e das águas, tem como objetivo recuperar a capacidade produtiva e retomar uma política de abastecimento para reconstruir os estoques de alimentos e enfrentar a ameaça de agravamento da fome que se anuncia diante da crise na saúde e economia, devido à Covid-19. Acesse aqui.

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB, a maior organização regional indígena do Brasil e que abrange os nove estados da Amazônia brasileira, manifestou sua indignação e repúdio pela inclusão sorrateira do Artigo 13º no capítulo 4 do PL Nº 1142, de 2020, que trata do atendimento emergencial aos povos indígenas no contexto da pandemia de Covid-19. Acesse aqui.

“A Campanha Nacional Todas as Vidas Valem foi lançada pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) no dia 15 de maio de 2020. A Campanha tem por objetivo principal: mobilizar as organizações de direitos humanos para a garantia dos direitos humanos no contexto da Covid-19. Como objetivos específicos, a Campanha pretende: a) organizar a solidariedade para a atenção aos grupos e segmentos com mais necessidade protetiva; b) promover ações de monitoramento das violações de direitos humanos no contexto da pandemia; c) realizar ações formativas para o fortalecimento das organizações de direitos humanos. […]”. Confira o documento completo aqui.

“Indígenas do Brasil estão sendo dizimados pela chegada do Covid 19, associada à falta de assistência em saúde e de proteção dos territórios pelo Estado. A denúncia é feita pelas próprias comunidades tradicionais que lançam campanhas com pedidos de apoio em todo Brasil. Para dar visibilidade às iniciativas locais e facilitar doações estrangeiras, será lançada a Campanha Internacional “Covid19 – SOS Povos Indígenas do Brasil”, neste domingo (2/8).” Baixe o documento aqui.