Em parceria com o grupo de pesquisa NEPAC (Núcleo de Pesquisa em Participação, Movimentos Sociais e Ação Coletiva), da Unicamp, foram coletados manifestos públicos escritos por distintos setores da sociedade civil no contexto da pandemia de Covid-19. Manifestos públicos são documentos construídos coletivamente e assinados, que expressam e dão publicidade ao posicionamento oficial de um conjunto de sujeitos face a determinado tema ou questão. Dessa forma, foram coletados notas, informes, cartas de repúdio, campanhas e demais documentos, que expressavam o desacordo com os rumos das políticas de enfrentamento da pandemia e das suas consequências sociais e econômicas e, em muitos casos, também sugeriam alternativas. Os critérios utilizados na seleção dos documentos foram: 1. Documentos “nacionais” ou “regionais” (foram descartados textos produzidos nos âmbitos estadual, municipal ou por comunidades/bairros, bem como os textos elaborados por uma única instituição regional ou municipal); 2. Documentos que são de proposição ou repúdio voltados a órgãos de Estado ou à sociedade em geral. 3. Não foram incluídos posts nas mídias sociais de um único indivíduo, mas sim documentos assinados por coletivos e/ou indivíduos organizados coletivamente; 4. A coleta não se restringiu apenas a movimentos sociais mais conhecidos, foram incluídas iniciativas inclusive fora do campo dos movimentos sociais para perceber proximidades e diferenças; 5. Não foram incluídas campanhas exclusivamente de solidariedade, nem cartilhas orientadoras. 6. Foram descartadas notas de médicos ou especialistas. O relatório, “Manifestos Públicos em Tempos de Covid-19”, por Ana Cláudia Teixeira e Adriana Pismel, da equipe do NEPAC está disponível aqui.

“Somos de uma tradição que não separa a razão da emoção ou a luta política da subjetividade de ser e viver em plenitude. Para nós que professamos a fé da solidariedade, da compaixão, do afeto e da resistência não há como silenciar a voz no período mais trágico que vivemos desde a escravização do nosso povo. A história de nosso país foi edificada sobre o sangue negro. É nossa obrigação ética e moral enfrentarmos a política de morte do desgoverno Bolsonaro, em honra à memória de lutas e resistência de nossas heroínas e heróis negras e negros.”. Acesse o texto aqui.

“O Brasil, suas instituições, seu povo não podem continuar a ser agredidos por alguém que, ungido democraticamente ao cargo de presidente da República, exerce o nobre mandato que lhe foi conferido para arruinar com os alicerces de nosso sistema democrático, atentando, a um só tempo, contra os Poderes Legislativo e Judiciário, contra o Estado de Direito, contra a saúde dos brasileiros, agindo despudoradamente, à luz do dia, incapaz de demonstrar qualquer espírito cívico ou de compaixão para com o sofrimento de tantos.” Acesse aqui o abaixo-assinado da campanha.

“A Campanha Nacional Todas as Vidas Valem foi lançada pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) no dia 15 de maio de 2020. A Campanha tem por objetivo principal: mobilizar as organizações de direitos humanos para a garantia dos direitos humanos no contexto da Covid-19. Como objetivos específicos, a Campanha pretende: a) organizar a solidariedade para a atenção aos grupos e segmentos com mais necessidade protetiva; b) promover ações de monitoramento das violações de direitos humanos no contexto da pandemia; c) realizar ações formativas para o fortalecimento das organizações de direitos humanos. […]”. Confira o documento completo aqui.

O debate acerca do sistema de saúde público e as desigualdades tem sido amplificado na sociedade. Por conta disso, está marcado para o dia 13 de maio o lançamento do manifesto da Frente Unificada por políticas públicas solidárias que garantam, durante a pandemia, o acesso universal e igualitário aos serviços hospitalares através do SUS. O documento é apoiado pela Abrasco e mais de 40 entidades e movimentos sociais e traz cinco medidas necessárias para a “urgente de construção de uma resposta eficaz e solidária à epidemia, que salve a maior quantidade de vidas possível, propomos”. Confira a íntegra do manifesto aqui.

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), junto a suas Secretarias Regionais e Sociedades Científicas Afiliadas, somam forças a entidades de todo o País ligadas à CT&I para a realização da Marcha Virtual pela Ciência no Brasil no dia 07 de maio. Com atividades transmitidas pelas redes sociais ao longo do dia, o objetivo da manifestação é chamar a atenção para a importância da ciência no enfrentamento da pandemia de Covid-19 e de suas implicações sociais, econômicas e para a saúde das pessoas. Acesse aqui.

A Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável ao lado de mais de 80 organizações, coletivos e entidades da sociedade civil publicaram um apelo para que o direito à saúde e à alimentação de brasileiros e brasileiras seja respeitado, protegido e garantido, no contexto do combate ao novo coronavírus. Clique aqui para acessar o documento.

As organizações populares Central dos Movimentos Populares (CMP), Confederação Nacional de Associações de Moradores (CONAM), Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM), Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), Movimento de Luta dos Bairros e Favelas (MLB) e União Nacional por Moradia Popular (UNMP) propõem a adoção de algumas medidas imediatas a fim de superar a crise econômica e social no país. Confira aqui.

“Indígenas do Brasil estão sendo dizimados pela chegada do Covid 19, associada à falta de assistência em saúde e de proteção dos territórios pelo Estado. A denúncia é feita pelas próprias comunidades tradicionais que lançam campanhas com pedidos de apoio em todo Brasil. Para dar visibilidade às iniciativas locais e facilitar doações estrangeiras, será lançada a Campanha Internacional “Covid19 – SOS Povos Indígenas do Brasil”, neste domingo (2/8).” Baixe o documento aqui.

“A MESA de Articulação de Associações Nacionais e Redes de ONGs da América Latina e do Caribe, uma entidade que reúne milhares de organizações da sociedade civil, vem à público para expressar sua preocupação com a direção que as ações que vários Estados nacionais estão tomando para enfrentar a epidemia do vírus coronavírus (COVID-19) em nosso continente.” Acesse a nota completa aqui.

“Las mujeres de la Cuenca amazónica y hermanas de América Latina y el Caribe estamos enfrentando una sistemática y creciente amenaza a nuestras vidas desde el inicio de la pandemia por el Covid-19 como consecuencia de las históricas desigualdades que el sistema colonial capitalista neoliberal patriarcal busca perpetuar ante la indiferencia de los Estados para los que no son importantes nuestras vidas.” Acesse o documento completo aqui.

Em 2020, as principais centrais sindicais se uniram para celebrar o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora. Por conta da pandemia do coronavírus, pela primeira vez, a confraternização foi virtual. Centrais sindicais organizadoras: CUT, CSB CGTB, CTB, Força Sindical, Intersindical, NCST, Pública Central do Servidor e UGT. Veja aqui.

A campanha Quartos da Quarentena foi criada pelos Instituto Urbe Urges, Instituto de Arquitetos do Brasil e o Nossas. Existem representações do movimento em vários Estado, além de São Paulo, existe também em Recife e em Porto Alegre. Propõe usar a rede hoteleira vaga para garantir o distanciamento social aos grupos que não têm condições de concretizá-lo. A iniciativa pretende pressionar os governos federal, estaduais e municipais a adotarem medidas de saúde coletiva que garantam real condição de distanciamento social às famílias de aglomerados, idosos e grupos de riscos. Alguns locais já acolheram a proposta, recebendo a população de rua ou mesmo idosos!

A Rede Justiça Criminal, em março de 2020, publicou nota na qual expõe os riscos para as pessoas privadas de liberdade quanto à proliferação do coronavírus e a limitação de medidas preventivas em presídios e socioeducativos. A organização defende a redução da população prisional, mediante desencarceramento de idosos, gestantes, lactantes, mães com crianças de até 12 anos, entre outros. Além da substituição para regime menos gravoso, privilegiando a prisão domiciliar quando cabível, a suspensão de mandados de prisão e prisão preventiva por medidas cautelares, a fim de conter a proliferação do vírus.

No mês de agosto de 2021, o coletivo Respira Brasil lançou uma campanha que busca dar visibilidade à situação das mais de 130 mil órfãs e órfãos da Covid-19. A proposta é realizar atividades de reflexão bem como de promoção de políticas públicas, a partir de uma crítica da ideia de que a direita representa a “família”. Confira o ato interreligioso no dia 20 de agosto na página de facebook do Respira Brasil.

No dia 1º de maio de 2021, um grupo de enfermeiras e enfermeiros realizaram um ato em homenagem aos mais de 400 mil mortes pela pandemia de Covid-19 no Brasil e em defesa de direitos trabalhistas da categoria. O ato ocorreu um ano depois de um protesto realizado pelo setor também em frente ao Planalto em que manifestantes foram hostilizados por militantes pró-Jair Bolsonaro. A imagem de uma enfermeira sendo agredida foi amplamente disseminada nas redes sociais como representação da polarização política em torno da pandemia. Confira a reportagem aqui. Atos como estes foram ofuscados pela onda de manifestações pró-governo que ocorreram no mesmo dia.

Esta página no facebook é uma das iniciativas da Rede de Apoio às Famílias de Vítimas Fatais de Covid-19 no Brasil, uma rede emergencial formada por vários voluntários, profissionais e pessoas solidárias às famílias de vítimas no país, em sua homenagem. É possível encontrar postagens de homenagem à vitimas de Covid-19.

Articulação criada em fevereiro de 2021 por lideranças religiosas de uma diversidade de fés, ligadas ao CESEEP (Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular). O ponto de partida do movimento foi o lançamento do Manifesto Respira Brasil que defende vacina para todas e todos, o SUS, a ampliação do Auxílio Emergencial e o impeachment de Bolsonaro. Um eixo central da rede é a luta pelo direito ao luto e aos rituais fúnebres, e pelo reconhecimento público do sofrimento das mortes causadas pela Covid-19. Veja a página no Facebook do grupo aqui.

Onze centrais sindicais em parceria com diversos movimentos sociais organizaram no dia 7 de agosto de 2020 atos simbólicos em São Paulo, Recife, Salvador, Porto Alegre, e várias outras cidades em homenagem aos 100 mil mortos pela Covid-19 e em defesa da vida, do emprego e chamando a população a contribuir em ações solidárias. Confira reportagem aqui aqui.

Em 23 de março, um conjunto de movimentos populares nacionais que lutam pelo direito à cidade divulgou o documento – Em Defesa do Povo, da Democracia, do Estado de Direito e na luta contra a COVID-19. Nele, apresenta-se um conjunto de reivindicações para enfrentar a pandemia, na perspectiva da garantia dos direitos e preservação da vida.

Em manifesto assinado por dezenas de grupos de todo o país, coletivos de mídia ativistas atuantes nas periferias declararam: “Nós, comunicadores periféricos e periféricas de várias partes do país, estamos juntando esforços para colaborar com informações precisas e que realmente consigam alcançar os nossos. Precisamos saber informar… De nós para os nossos!” Mais informações no site do coletivo de comunicadores.